Ministro visita Baixo Guandu e Colatina com comitiva do Estado
Após uma reunião com o governador Paulo Hartung, na Residência Oficial em Vila Velha, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, se encontrou com o prefeito de Colatina, Leonardo Deptuski, acompanhado dos secretários de Estado do Desenvolvimento Urbano, João Coser; do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice; de Segurança Pública, André Garcia; além do comandante militar do Leste, o general do Exército Fernando Azevedo e Silva, e do comandante do Corpo de Bombeiros no Estado, coronel Carlos Marcelo D’Isep Costa.
O encontro ocorreu no posto de comando da Defesa Civil Estadual montado em Colatina para as ações de prevenção à chegada da lama de rejeitos oriunda das barragens da Samarco que romperam na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Durante a reunião foram discutidas e traçadas ações para formas alternativas que visam ao abastecimento das cidades que serão afetadas. Representantes da mineradora também participaram da reunião.
O ministro recebeu informações atualizadas sobre cada medida já adotada. Ele afirmou que todas as ações preventivas necessárias para diminuir os impactos da chegada da lama em Baixo Guandu e Colatina estão sendo tomadas. "Nosso trabalho aqui é buscar alternativas para o abastecimento das cidades. As ações preventivas no Estado do Espírito Santo estão bem encaminhadas."
Segundo o ministro, ao voltar para Brasília, ele participará ainda nesta segunda-feira (16), de uma reunião com diversos representantes de ministérios ligados às áreas relacionadas aos impactos causados pela passagem da lama para tomada de novas medidas.
O secretário João Coser reforçou que a presença do Governo do Estado nos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares tem por objetivo garantir o abastecimento emergencial e a segurança da população. "Apesar de todas as ações não temos cem por cento do abastecimento de Colatina garantido. Por isso, continuamos cobrando empenho da Samarco no que diz respeito à perfuração de poços artesianos e à construção das adutoras".
Coser agradeceu a solidariedade de vários segmentos, mas lembrou que os desafios são enormes. "Por orientação do governador Paulo Hartung estamos trabalhando para reunir esforços. Agradeço o empenho de todos, mas não podermos achar que nossos problemas se resumem à captação de água e abastecimento. Eles são muito maiores, os impactos ambientais ainda são incalculáveis", alertou.
O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, participou da comitiva e garantiu que as forças policiais estão de prontidão para qualquer eventualidade. “Conversei com os delegados de Polícia Civil e comandantes de unidades da Polícia Militar em Baixo Guandu e Colatina para garantir a tranquilidade da população num eventual problema de desabastecimento de água potável em território capixaba. Não acredito que tenhamos problemas de ordem civil. Além disso, contamos com o trabalho conjunto do Corpo de Bombeiros, por meio da Defesa Civil Estadual, e Exército Brasileiro, na logística de captação e distribuição de água mineral nas duas cidades”, finalizou.
O prefeito de Colatina, Leonardo Depstuski, também agradeceu a atuação do Governo do Estado e da União junto aos municípios que serão atingidos pela onda de lama. "Agradeço ao ministro, ao Exército Brasileiro, e ao Governo do Estado pela presença e atuação na busca de soluções. É de grande importância fazer todo esse processo com segurança, levando tranquilidade à população".
Após a reunião em Colatina, ministro e secretários estaduais fizeram um sobrevoo sobre o Rio Doce e desceram em Baixo Guandu, onde também se reuniram com o prefeito Neto Barros.
Medidas
Prevendo a interrupção também em Colatina, estão em andamento ações que visam o abastecimento por meio de carros-pipa, tanques de armazenamento e distribuição de água, captação em lagoas da região, perfuração de poços artesianos, construção de adutoras e doações de água potável e mineral. Contudo, durante a reunião com o ministro Occhi foi ressaltado que tais medidas podem não ser suficientes para garantir o abastecimento pleno da cidade.
Intimada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), cujas exigências foram ainda destacadas pela ação cautelar movida na última semana pelo Governo do Estado contra a Samarco, a mineradora já deu início à perfuração do primeiro poço profundo, em local próximo à Estação de Tratamento de Água (ETA) I, em Adélia Gilbert, onde mais dois deverão ser escavados em Colatina.
A expectativa do ministro Occhi é de que até o final de semana todos os seis poços já tenham sido perfurados, sendo que outros três restantes serão cavados próximos à ETA II, em Nossa Senhora Aparecida. Cada poço leva cerca de cinco dias para entrar em funcionamento.
Em função das exigências do Estado, serão instalados no litoral do Espírito Santo 20 quilômetros de barreiras flutuantes para evitar que a lama chegue às áreas de proteção ambiental.
Captação alternativa
Até o momento quatro locais foram cotados para captar água em Colatina de forma alternativa. O Rio Pancas, que pode auxiliar o abastecimento do lado norte; o Rio São João Grande, que poderá auxiliar no abastecimento do Ifes Itapina e o Columbia (com tratamento na estação própria no Ifes); e as lagoas do Batista e do Limão, com captação de água bruta por meio de caminhões-pipas.
Carros-pipa: cerca de 50 carros-pipas estão na cidade de Colatina para auxiliar no abastecimento tanto de água bruta (sem tratamento) quanto de água tratada. Esse contingente consegue abastecer a rede com cerca de 16.600 mil m³ de água, o que vai garantir 30% de abastecimento. Hoje o Sanear fornece na rede por volta de 34 mil m³, com a captação pelo Rio Doce.
Adutoras: está sendo finalizado o estudo técnico de viabilização para construção de duas adutoras em Colatina. A primeira liga o Rio Pancas à rede adutora do Polo Industrial, com uma extensão aproximada de 1,5km. A outra liga a lagoa do Limão até a rede de Maria Ortiz, com cerca de 12 km.
Depósitos: a empresa Fortlev informou que colocou à disposição dos municípios expertise em armazenamento de água potável e não potável. Inicialmente, 51 tanques serão instalados em 40 localidades do município. Outras empresas como a Coca-Cola também se colocarão à disposição para doar água potável.
Baixo Guandu
No município de Baixo Guandu a alternativa encontrada foi a captação de água no Rio Guandu, que corta a cidade, com a abertura do canal da antiga Usina Hidrelétrica Von Lutzow, no Rio Guandu.
O prefeito Neto Barros explicou que os trabalhos foram concluídos e que a captação já foi iniciada. "Nesta segunda (16), paramos de captar água no Rio Doce e transferimos toda captação para o Rio Guandu". Segundo o prefeito, essa alternativa vai suprir a necessidade da população.
Linhares
Já no município de Linhares, a captação de água é feita no Rio Pequeno. Com o rompimento da barragem em Minas Gerais, a Prefeitura decidiu aumentar a barragem do manancial com o objetivo de impedir que água suja de lama avance sobre o Rio Pequeno. A barragem tem cerca de 20 metros de largura e 2 de altura.
Samarco se manifesta
Na manhã desta segunda-feira (16), o diretor comercial da Samarco, Roberto Carvalho, participou da reunião com o ministro da Integração Gilberto Occhi, em Colatina. Segundo ele, a empresa montou uma base em Ubu, Anchieta, e agora está com uma base em Vitória. “Temos vários profissionais em Baixo Guandu, Colatina e Linhares preparando todas as ações necessárias. Em Governador Valadares fizemos um tratamento da água, e os laudos das amostras encaminhadas à Copasa deram que a água está perfeita para o consumo, tanto que Valadares já voltou a alimentar a rede de abastecimento”.
Segundo Roberto, a empresa tem feito todo esforço para atender as ações emergenciais para a população. “A próxima etapa será a reestruturação do rio que ainda está sendo apurada, está sendo preparada”.
Exército
Cem homens do 38º Batalhão de Infantaria do Exército se encontram em Colatina, sob o comando do coronel Edson Massayuki Hiroshi. O objetivo é coordenar, junto à Defesa Civil Estadual, e distribuir água potável para a população colatinense nos diversos bairros e servir de suporte à população. Nesta segunda-feira (16), foram traçadas ações para o reconhecimento da cidade e pontos estratégicos para montar a logística das atividades.
Comitê Gestor
Durante o encontro com a presença do ministro Occhi, em Colatina, foi anunciado pelo secretário Rodrigo Júdice a primeira reunião do Comitê de Gestão da Crise Ambiental do Rio Doce, sob coordenação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). Ela está agendada para esta terça-feira (17), às 10 horas, no auditório do Corpo de Bombeiros, em Vitória.
“Está será uma reunião para a instalação do Comitê, avaliação das ações já feitas e análise das próximas atividades. A preocupação realmente é imensa e o trabalho que teremos que desenvolver ao longo dos anos será intenso. O Governo do Estado tem um programa de reflorestamento, o Programa Reflorestar, e terá que ser intensificado para recuperar a mata ciliar”, afirmou o secretário Rodrigo Júdice.
O grupo foi criado por decreto pelo governador Paulo Hartung no sábado (14). Seu objetivo é acompanhar as ações de socorro, assistência, resposta e mitigação ao desastre, bem como para restabelecimento dos serviços afetados, de recuperação dos ecossistemas e de reconstrução por conta da lama de rejeitos. Este grupo deve ainda agir em cooperação com órgãos e entidades do poder público municipal, estadual e federal.
Também compõem o Comitê: o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto; o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar; Coronel Carlos Marcelo D’Isep Costa; Comandante do Batalhão de Polícia Ambiental, Tenente Coronel Francisco José Silva Gomes; a diretora-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Sueli Tonini; o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Paulo Paim; e o procurador geral do Estado, Rodrigo Rabello.
Fauna Aquática
Foi articulado um grupo com representantes do Governo do Estado, ONGs e especialistas na área, chamado Arca de Noé, cujo objetivo é o resgate de peixes no Rio Doce antes da chegada da onda de lama. As diretrizes para a retirada são do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), contando com auxílio do Iema no que for possível.
Serão retirados as espécies endêmicas, ou seja, que só existem naquele local. Não serão tirados os exóticos, aqueles que não pertencem à região, mas habitam o manancial. “Estamos montando uma verdadeira operação de guerra, pois só no Rio Doce capixaba tem localidades com várias espécies diferentes”, afirmou o professor e doutor em Engenharia Agrícola, Abrahão Alexandre Alden.
O recolhimento está ocorrendo desde domingo (15). Os recolhidos em Baixo Guandu e Colatina estão sendo levados para o Instituto de Tecnologia (Ifes) de Itapina, onde há nove tanques para armazenamento após triagem das espécies. Em Linhares há coleta também na foz do Rio Doce, em Regência, para que sejam armazenados em Comboios e na Fazenda Experimental do Incaper.
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